quarta-feira, 4 de novembro de 2015

As Três Peneiras*Reflexão

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Há muitos séculos atrás, num mosteiro budista, após a cerimônia noturna, o Monge Abade se retira para o seu merecido descanso. Enquanto tomava calmamente o seu chá à luz de apenas uma lamparina de óleo, fazendo entreabrir a porta de correr – feita apenas de madeira e papel de arroz – entra um dos monges instrutores do templo, reverenciando profundamente o mestre.
Indagado pelo Abade sobre o motivo de sua visita a essas altas horas da noite, o monge lhe diz que o motivo da visita é contar ao mestre alguns comentários que estão correndo no templo sobre um outro mestre instrutor.
O Venerável Abade, então, lhe diz em sua profunda sabedoria:
” – Calma! Antes de me contares algo que ouviste sobre outra pessoa, gostaria de lhe perguntar: já fizeste passar essa informação pelas Três Peneiras da Sabedoria?”
” – Peneiras da Sabedoria, Venerável Mestre?”, espanta-se o monge.
” – Sim, as Três Peneiras da Sabedoria. Tudo o que ouvires falar sobre os outros, deves passar pelas Três Peneiras da Sabedoria antes de ser retido, acreditado e repassado. Ouça com atenção e me responda: tens absoluta certeza de que o que te contaram é realmente verdade?”
” – Não, não tenho certeza, Venerável Mestre. Apenas sei o que me contaram”, disse meio sem jeito o monge.
” – Então, se não tens certeza, a informação já vazou pelos furos da primeira peneira, que é a da profunda investigação da Verdade. Agora, ela repousa sobre a segunda peneira. Por isso, eu lhe pergunto: o que tens a me dizer é algo que gostaria que dissessem sobre ti?”
” – De maneira alguma, Mestre! É claro que não!”, diz o monge.
” – Então, tua estória acaba de passar pelos furos da segunda peneira, que é a da compaixão, pois nunca deverias dizer ou fazer a alguém aquilo que não quisesses que fizessem ou dissessem de ti. Agora, tua estória repousa sobre a terceira e última peneira. E, por isso, lhe faço a última pergunta: achas que me contando essa estória sobre o seu irmão e companheiro de mosteiro, ela será útil a ele de alguma maneira?”
” – Não, Mestre”, respondeu o monge, já ruborizado. “Refletindo profundamente, sob a Luz da Sabedoria, vejo que nada de útil poderia surgir dessas estórias e boatos.”
” – Então, essa estória acaba de vazar pela terceira peneira, para dissolver-se na terra. Nada restou para contar. E assim, lembra-te sempre que devemos ser como as abelhas que, mesmo no mais imundo dos pântanos, buscam sempre as flores para delas retirar o doce néctar e nunca como as moscas que, mesmo em um corpo sadio, buscam as feridas para delas se alimentarem.”

Gratidão

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